quarta-feira, 23 de abril de 2008

cotidiano

Acordou naquela manhã com a idéia de que seria um dia comum, sem surpresas. Olhou o relógio e como sempre, estava atrasado. Levantou da cama, tocou primeiro um pé, depois o outro como se quisesse ter certeza de que já tinha acordado. Andou sonolento até o banheiro e tomou um banho demorado, olhou-se no espelho, mas não se viu e sim o que estava por dentro: vazio. Desceu e tomou um café forçado, odiava aquele gosto amargo, podia colocar mais açucar que café e mesmo assim continuaria amargo. Saiu sem dar atenção a ninguem em direção ao ponto de ônibus, sempre esperava naquele ponto durante horas, mas naquele dia não, demorou apenas o suficiente para ficar irritado e ter certeza que era um dia igual a todos.
Chegou na imprensa 30 minutos atrasado, como sempre, sentou e começou a digitar idéias inuteis que se passavam pela sua cabeça, levou uma grande bronca do seu patrão recatado, apenas ouviu e continuou a digitar. Todos sairam para almoçar, mas como sempre ficou lá digitanto, acabou a hora do almoço, hora de ir embora, pegou suas coisas e saiu, era quase um fantasma. Separou dois reais para o ônibus e dois reais para os meninos que o assaltavam todo o dia ao mesmo horário, mas naquele dia, como sempre, eles levaram todos os quatro reais, tendo que voltar para casa a pé. Exausto, comeu, tomou um belo banho e sentou-se na cama, teve a certeza de uma coisa : foi um dia comum e sem surpresas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Emanuela,

Você tem potencial, continue escrevendo (muito de preferencia)

Abraço
\o/