quarta-feira, 14 de maio de 2008

cogumelilite


"Duention era pequeno ainda, porém, sábio. Com seus recém completados oito anos, falava apenas o necessário, estranho para uma criança da sua idade. Morava com sua avó. Ambos tinham o mesmo tamanho, talvez ela fosse um cm menor, quase imperceptível.
Moravam em um enorme cogumelo, velho e quase caindo aos pedaços. Seu vilarejo, cogumelilite, fora devastado pelas pragas há algumas semanas, só restaram poucas famílias, outras foram procurar abrigo em outro lugar.
Certo dia, Duention foi para perto do arco-íris. Sua avó sempre dizia que era perigoso demais para ele. Mas como era um garoto curioso subiu até onde pode naquele enorme lugar de sete cores maravilhosas e brilhantes. Não conseguiu acreditar no que viu lá de cima. Atrás de onde estava viu cogumelilite, destruída, acabada e percebeu que não teria futuro ali. Olhou para frente e viu uma bela cidade toda feita de ouro, não conseguiu se quer pensar correu de encontro aquele lugar de um dourado incomum. Ele só não esperava que ao atravessar o arco-íris trocaria de sexo. É! Ele se lembra agora a sua avó tinha comentado algo com ele de fato, mas acreditava ser apenas algum tipo de lenda para que ninguém atravessasse e encontrasse aquela cidade incomum. Não se importou. Afinal,estava rico agora, e nada mais importava. Correu para uma loja de doces que tinha lá e observou, não tinha dinheiro para comprar nada. Mas que bobagem a dele, era só pegar uma folha de uma árvore e comprar seus tão sonhados doces.
À noite chegou e estava frio, nunca tinha sentido aquilo seu vilarejo era sempre quente e aconchegante, não se importou e dormiu em uma esquina qualquer.
Alguns dias depois teve a oportunidade de se olhar em um espelho e viu que não tinha mais o rosto de um garoto de oito anos e sim de trinta, porém, sua beleza e juventude ainda continuavam presentes. Mas isso era loucura ele tinha certeza que só estava lá há no máximo quatro dias, aquela cidade era bela, bela e amaldiçoada. Correu em direção ao arco-íris que ainda estava lá e o atravessou. Teve suas lembranças de volta e sua sexualidade também, mas o seu vilarejo havia desaparecido e seus trinta e poucos anos aparentes continuavam lá, lembrou-se que tinha uma avó e sentiu saudades dela, como fora egoísta. Foi em direção a sua antiga casa e onde antes tinha um enorme cogumelo, agora tinha um pequeno que começava a crescer. Recomeçaria sua vida ali, sozinho, por ter pensado apenas em si."
texto: emanuela =]

domingo, 4 de maio de 2008

Aparência

Não era um menino qualquer. Talvez, aparentemente, igual a qualquer outro. Mas, ela sabia que não, tinha algo mais. Não tinha medo de mostrar como se sentia, estava sempre com o seu sorriso sincero no rosto e com seus cabelos castanhos desgrenhados cobrindo-lhe os olhos. Tinha acabado de completar 17 anos e não aparentava nem mais nem menos, era alto e acreditava ser forte. Tinha um sonho, e ela o invejava por isso. Dizer que se tem um é fácil, difícil é tê-lo de verdade ou realmente desejá-lo. Sabia proporcionar as melhores gargalhadas que alguém poderia ter. Seus olhos observavam tudo, mas não comentava o que via guardava para si. Confiava nele, aquele garoto que mal conhecia e ao mesmo tempo parecia conviver a anos, mas mesmo assim não era capaz de dizer completamente como ele era, queria ser capaz de dizer mais. De demonstrar como ele era engraçado e diferente, como aquela maneira de falar e de olhar a deixava mais contente e como em tão pouco tempo, não era mais um estranho e sim um conhecido de anos.